A Direção

Rogério Rasées


As Motivações para a Montagem

Qual a importância de se montar “As Bruxas de Salém” hoje?

          Podemos deslocar esta questão para a visão “Hoje – Lá em 1692”. Pensarmos filosófica e ideologicamente as questões que brotam desse texto, remetendo-nos a comparações entre sistemas de governo, constituição de uma sociedade, regras de conduta comunitárias, dos nossos dias e locais atuais à Massachusetts de 1692. Ainda que se considere que a tecnologia era completamente diferente, os núcleos de comunidades muito menores e também muito mais homogêneos, os objetivos completamente diversos, questões filosóficas como a dicotomia entre o bem e o mal, entre Deus e o Diabo, por exemplo, são inerentes ao ser humano em qualquer lugar ou época. A visão ideológica é mais localizada e específica, mas se observarmos com cuidado, veremos nos dias atuais alguns grupos com padrões semelhantes aos padrões ideológicos idealizados e seguidos na Nova Inglaterra de 1692. Acredito que um exercício digno de atenção seja o de colocarmo-nos ideologicamente, e também filosoficamente, com todas as nossas peculiaridades, nas condições relatadas no texto que trabalharemos. Desta maneira, acredito que será mais coerente a identificação desses pontos de contato, que nos remeterão ao íntimo da alma humana, podendo interpretá-la com maior parcimônia. E esta percepção não é imediata e definitiva. Vamos, com a experimentação, observando-a e descobrindo-a, respondendo aos nossos questionamentos cuidadosamente. Nisto, a meu ver, consiste a importância de se montar “As Bruxas de Salém” hoje. O desvendar dessas peculiaridades inerentes da alma humana, não obstante as diferenças superficiais geridas pelas épocas distintas, para através de posicionamentos tomados sobre os fatos ocorridos “Lá” com a experiência humana do “Hoje”, construirmos uma ponte que nos identifique como seres humanos. Independente da época, pela mesma função do ser, atingir o público por esse viés, transportando-o conosco àquele lugar e àquela época através das emoções humanas e da reflexão: “O que eu faria se fosse comigo?”.

“As Bruxas de Salém” – Um olhar contemporâneo!

          Com esta questão buscamos o caminho inverso da anterior: “Como trazer o Lá (1692) para o Hoje?”. O primeiro caminho funde-se pelo aspecto filosófico com o que citamos acima, como numa via de mão-dupla. A via do ser humano. O outro, um caminho ideológico, nos parece mais espontâneo a esse “Olhar Contemporâneo”. Da ideologia pendemos para as construções e constrições culturais, um olhar mais afeito às disponibilidades tecnológicas de cada época, um sistema de valores e medidas adequados a cada sociedade, enfim, o imaginar como seria a vida dessas personagens se tudo ocorresse nos dias atuais. Como seriam as roupas dos puritanos daquela sociedade, deslocada para a atualidade. Ainda que proibidas, as manifestações culturais e artísticas eram realizadas, então como seria a dança e a música das meninas na floresta – qual o gênero e o ritmo seria mais indicado para evidenciar uma “bruxaria”: uma música romântica, ou talvez um rock, música eletrônica – seria uma “rave proibida” na floresta?! Como se dariam os comportamentos e as demonstrações de afeto, cumplicidade, inveja, ódio, observando os padrões estabelecidos pela estrutura teocrática, manietados aos dispositivos atuais? Inúmeras questões se apresentam e nos auferem possibilidades imaginativas muito ricas, que hão de ser cuidadosamente experimentadas. Propostas, a meu ver, para o início de uma busca estética visando “um olhar contemporâneo” para uma montagem acalentada à nossa época desde os indícios colhidos no ontem.

O Diretor
Rogério Rasées
DRT: 32.870/95 RJ

          Ator, autor, diretor e produtor de teatro, trabalha no ramo desde 1990, tendo realizado inúmeros trabalhos e cursos com grandes nomes da arte nacional, como por exemplo, David Hadjes, Beto Moreira, João Henrique Baroni, Maria Pia Scognamiglio, Tisuka Yamasaki, Victor Berbara, Sonia Dias, Roberta Damasceno, Marcelo Marques, Cláudio Moreno, Juarez Cabello e Sérgio Britto, entre outros. Desde 1998, no espetáculo "A Paixão de Cristo - Os Passos do Senhor", realizado pela Fundação CSN, com patrocínio da Companhia Siderúrgica Nacional e da Bradesco Seguros, além da Assistência de Direção Artística, Rogério Rasées acumulou as funções de Diretor de Elenco, Gerente de Produção Regional e o Papel Principal no espetáculo, função desenvolvida desde 1995, quando na primeira versão do espetáculo foi escolhido através de um rigoroso teste do qual participaram vários atores, dentre eles Ricardo Ratti e Paulo Rangel. Apresenta mais de vinte peças no currículo, apresentadas principalmente nos estados do sul e sudeste.
          Tendo realizado vários cursos na área teatral e artística, atualmente cursa o Bacharelado em Artes Cênicas – Habilitação em Direção Teatral na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, dentro do qual realiza esta montagem de "As Bruxas de Salém", sob orientação de Ricardo Kosovski, tendo a graduação conclusão prevista para dezembro de 2011.

Trabalhos Realizados:

1989 - O Sentido da Vida (Marilene Aguiar Barcellos)
             Ator

1990 - Lição de Botânica (Machado de Assis)
             Ator

1990 - Prima Donna (José Maria Monteiro)
             Ator

1991 - Dom Chicote Mula Manca (Oskar von Pfhull)
             Ator e Produtor

1991 - Romão e Julinha (Oskar von Pfhull)
             Ator e Produtor

1992 a 1995 - Sonho Dourado (Marcelo Caridad)
             Ator e Produtor

1993 - Fim de Noite (Jota D´ângelo)
             Ator e Produtor

1994 - A Próxima Vítima (Renné Duarte)
             Ator e Produtor

1994 e 1995 - A Família Neura (Rogério Rasées)
             Dramaturgo, Diretor e Produtor

1995 - Os Sabarramas (Rogério Rasées)
             Dramaturgo, Ator, Diretor e Produtor

1995 a 2002 - A Paixão de Cristo - Os Passos do Senhor (José Pimentel)
             Ator, Diretor e Produtor

1996 a 1998 - Sonho de uma Noite de Verão (William Shakespeare)
             Ator e Diretor

1999 e 2000 - O Auto da Compadecida (Ariano Suassuna)
             Ator e Diretor

2000 a 2005 - Professor de Teatro voluntário da APAE de Volta Redonda (RJ)

2001 - Seth - Gigantes de Mármore (Rogério Rasées)
            Dramaturgo, Ator, Diretor e Produtor

2002 - Taunaaj - O Senhor dos Ventos (Rogério Rasées)
            Dramaturgo, Diretor e Produtor

2003 e 2004 - O Tartufo (Moliére)
             Ator e Produtor

2005 - Os Saltimbancos (Irmãos Grimm) {com o Grupo de Teatro da APAE-VR}
             Diretor e Produtor

2005 a 2009 - O Circo da Vida (Rogério Rasées)
             Dramaturgo, Diretor e Produtor

2005 - Direção do DVD de lançamento da ONG Farmacêutica (Paulo Roberto)
             Diretor

2005 e 2006 - A Cantora Careca (Eugene Ionesco)
             Ator, Diretor e Produtor

2006 a 2009 - Os Sabarramas - Um dia perfeito (Rogério Rasées)
             Dramaturgo, Ator, Diretor e Produtor

2009 – Casa de Bonecas (Henrik Ibsen)
             Diretor - sob orientação de Renato Icarahy

2010 – A Vida de Galileu (Bertolt Brecht)
             Diretor - sob orientação de Moacir Chaves

2010 – A Cantora Careca (Eugene Ionesno)
             Diretor - sob orientação de Zeca Ligiéro

2011 – As Bruxas de Salém (Arthur Miller)
             Diretor - sob orientação de Ricardo Kosovski